sexta-feira, 13 de junho de 2008

LOBISOMEM DE PALAVRAS

Hoje eu ainda não havia saído de casa. Ainda não havia visto a luz da lua ou sentido a temperatura amena do sereno, até que alguém tocou a campainha e foi preciso sair até o portão. Foi uma sensação estranha, coberta de mágica e quase inexplicável. Minha primeira reação foi olhar para o céu. A lua essa noite trouxe um brilho meio néon de tão claro, uma luz que poderia ser única de tão suficiente para iluminar o recinto “mundo”. Minha rua se encontrava enfeitada pelos véus de nuvens que pairavam solenemente e as estrelas cintilavam como velas acesas ao redor desse véu. Tudo cintilava como um quarto preparado para a noite de núpcias. Eu, por aquele breve instante me senti um lobisomem. Na verdade uma loba. Passei todo o dia sem vontade de escrever, com a sensação de ter tomado um anestésico sentimental, tudo quase obsoleto, insípido, estranho. Bastou o ar da noite instigar a chama da lareira do coração, em brasa latente. Senti então saudade, raiva, amor, desejo... fui por alguns instantes um lobisomem. Lobisomem de palavras? Esse é o poeta?