segunda-feira, 28 de julho de 2008

A boca é para o beijo.


Um medo grande e indecifrável. São as horas. Todas as horas tem um efeito. Mãos gélidas. Um momento, por favor, preciso matar a fome. Há bocas. Várias delas num só corpo, com uma só alma. Com medo. Todas as bocas se manifestam. É o pensamento inútil para o momento. A boca é para o beijo. A boca é para matar a fome. A fome está para matar a boca. Dois corpos tem mais bocas que um. Dois corpos, tendo mais bocas, sentem mais fome. Os corpos alimentam a fome da boca. Essa é a hora. Te esperaria na varanda, se você viesse. Mas você tem medo do meu medo. Todo mundo tem medo do que não conhece. Eu só conheço as minhas bocas. Todas elas tem fome. Lábios são para o desejo. A língua aproveita o ensejo. E o medo cresce. Florescem as campanas do corpo com todas as bocas em flor. Há tanto tempo não te vejo. O arrepio que percorre não socorre. Um desejo insuportável me consome. Eu sei que você tem fome. Eu mataria a sua fome pela boca que te come.

saliva a boca que molhada pela boca úmida que tem fome...

o anjo