segunda-feira, 28 de julho de 2008

A boca é para o beijo.


Um medo grande e indecifrável. São as horas. Todas as horas tem um efeito. Mãos gélidas. Um momento, por favor, preciso matar a fome. Há bocas. Várias delas num só corpo, com uma só alma. Com medo. Todas as bocas se manifestam. É o pensamento inútil para o momento. A boca é para o beijo. A boca é para matar a fome. A fome está para matar a boca. Dois corpos tem mais bocas que um. Dois corpos, tendo mais bocas, sentem mais fome. Os corpos alimentam a fome da boca. Essa é a hora. Te esperaria na varanda, se você viesse. Mas você tem medo do meu medo. Todo mundo tem medo do que não conhece. Eu só conheço as minhas bocas. Todas elas tem fome. Lábios são para o desejo. A língua aproveita o ensejo. E o medo cresce. Florescem as campanas do corpo com todas as bocas em flor. Há tanto tempo não te vejo. O arrepio que percorre não socorre. Um desejo insuportável me consome. Eu sei que você tem fome. Eu mataria a sua fome pela boca que te come.

saliva a boca que molhada pela boca úmida que tem fome...

o anjo

sábado, 5 de julho de 2008

o anjo

O Sol ainda está preguiçoso nesta manhã. Pingos de chuva ainda caem no telhado da velha casa e fazem um tilintar das gotas sobre coisas e o chão molhado do quintal. No quarto, um anjo dorme sobre a cama entre lençois revoltos. A face tranquila e senera de moça delicada que tem segredos escondidos neste pequeno corpo angelical. Ela dorme assim, suave e macia. O cheiro de sua pele é sensual e sedutor. Um convite a delirinhos e sonhos surreais. O seu corpo tem segredos úmidos de desejos escondidos. Apelos por todos seus poros transbordam pela pele em arrepios de frio febril da medo muito grande de prender a respiração . Ela, assim deitada, "alone", de costas no leito oferta para Deuses maiores um universo de fantasias. Os seus joelhos dobrados para fora da cama deixam pender a perna para fora da cama até que os pés toquem no chão. Os lencóis revoltos convidam a sonhos maiores. A sua face sorri um enigmático sorriso. Nos lábios e olhos bem fechadinhos e boca entreaberta, dela descem gotas de saliva como rimas de poesia... Qual linguagem para saber estes poemas?

Sonolenta ela está ao acordar... muito e grandes desejos povoam nirvanas ancestrais.

Ah, tenho medo de morrer... Muito medo!